sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Águia ou Galinha?


Fábula da pequena águia
Era uma vez um granjeiro que, enquanto
caminhava pelo bosque, encontrou uma pequena águia ferida. Levou-a à sua casa,
curou-a e pôs a mesma em sua granja, onde aprendeu a comer
a mesma comida das galinhas e a comportar-se como estas.
Certo dia, ao passar por alí, um naturalista perguntou ao granjeiro:
-Por que esta águia, rainha de todas as aves, permanece prisioneira
em um galinheiro? O granjeiro respondeu:
-Encontrei-a ferida num bosque e, como dei-lhe a mesma das galinhas e
ensinei-lhe a ser como uma galinha, não sabe voar. Comporta-se como as
galinhas e, portanto, já não é uma águia.
O naturalista disse:
- O gesto de havê-la salvo, tratado e curado com cuidado é deveras nobre.
Além do mais, deste a esta águia a oportunidade de sobreviver
e proporcionaste-lhe tua companhia e o calor de tuas galinhas. Todavia,
possui um coração de águia e, com certeza, podes ensinar-lhe a voar.
O que pensas da idéia de tentar tal proeza?
-Não sei do que me falas. Se quisesse voar, poderia havê-lo feito.
Não a impedi de fazê-lo em nenhum momento.
-Sim, é verdade que não a impediste mas, como bem dizia antes,
ensinando-lhe a comportar-se como as galinhas, hoje não sabe voar. E se
lhe ensinássemos a voar como as águias?
-Por que insistes tanto? Ouça: comporta-se como uma galinha e já não é uma
águia; nada podemos fazer. Há coisas que não podem ser mudadas.
-É verdade que, nesses últimos meses, segue comportando-se como as galinhas, mas
penso que observas em demasia suas dificuldades para voar. Por que não
observamos um pouco o seu coração de águia e suas possibilidades de voar?
-Tenho as minhas dúvidas, pois o que em verdade muda, uma vez que deixemos
de pensar nas dificuldades para pensar nas possibilidades?
-A pergunta que me fazes parece muito boa. Se pensamos nas dificuldades, é
mais provável que nos conformemos com o seu comportamento atual. Ao contrário,
se pensamos nas possibilidades, damos margem a que estas possam fazer-se efetivas.
-É possível.
-Então, provamos?
-Provemos.
No dia seguinte, contente, o naturalista tira a pequena águia do galinheiro,
tomou-a suavemente em seus braços e levou-a a um monte próximo. Disse-lhe:
-Pertences ao céu, não à terra. Abre tuas asas e voa. Podes fazê-lo.
Tais palavras persuasivas não convenceram a pequena águia; estava confusa e, ao ver
desde o monte as galinhas comendo, aproximou-se às mesmas e ali permaneceu.
Como acreditava haver perdido sua capacidade de voar, sentiu medo...
No dia seguinte, sem desanimar, o naturalista levou a pequena águia ao telhado
da granja e animou-a, dizendo:
-És uma águia; abre tuas asas e voa; podes fazê-lo.
Mais uma vez, a pequena águia sentiu medo de si mesma e de tudo que a rodeava;
jamais se havia contemplado desde aquela altura... Tremendo, lançou um olhar ao
naturalista e pulou outra vez em direção ao galinheiro.
No dia seguinte e muito cedo, o naturalista levou a pequena águia a uma elevada
montanha. Uma vez ali, animou-a dizendo:
-És uma águia; abre as asas e voa.
A pequena águia olhou fixamente os olhos do naturalista. Este, impressionado
por tal mirada, disse-lhe em voz baixa e suave:
-Não estranho que sintas medo; é natural que sintas, mas já verás como vale a pena
tentar. Poderás transcorrer enormes distâncias, brincar com o vento e conhecer outros
corações de águia. Além do mais, quando pulavas nos dias anteriores, observei
que possuis uma força impressionante em tuas asas.
A pequena águia observou ao seu redor: abaixo, em direção ao galinheiro; acima,
em direção ao céu. Então, o naturalista ergueu-a em direção ao sol e, suavemente, acariciou-a.
A pequena águia abriu lentamente as suas asas e, com um
triunfante grito, voou, desaparecendo no céu. Havia recuperado, finalmente, as suas possibilidades...
Viver é ter coragem, é assumir, é ser consciente, é ser alguém, sem ser apenas mais um. Precisamos, na vida, de alguém que nos leve a realizar o que podemos fazer, ou seja, a voar como águias. O resto é o nosso querer, pois a ação de mudar é nossa! (autor desconhecido)